O casamento

Take a walk on the wild side.

Aquela menina caminhou.

Divertiu-se 70%...
20% ficava atenta às coisas sérias .
Aqueles 10% de dor que sentia na alma, carregava sempre...

Hoje é véspera do meu casamento.

Quanta coisa tive que fazer, como estou cansada e tensa!

Olho para a casa de minha mãe e penso... como é estranho isso, de casar, de morar em outra casa com o marido, aí me vinha:

- Quem pensa não casa... tu estás ficando solteirona!!!

Na rua José Bonifácio morava com os meus pais, no 4º andar, sendo que tinha um janelão na cozinha que dava direto para a imagem de Santa Terezinha.

Minha mãe tinha uma esteira na sacada na qual ela caminhava enquanto fazia promessas à Santa, para me casar.

Nem as mais devotas judias podiam escapar desta força que era viver ali, em cima das copas da árvores da praça da Redenção, onde era meu quarto, onde era tudo verde e ao lado da Igreja Santa Terezinha.

Daqui a pouco vou entrar na igreja e ser abençoada por, nada mais nada menos, que Dom Vicente Scherer.

A minha sogra se encarregou justamente desta cerimônia, na qual o tapete em vez de vermelho era branco e todas as flores da igreja, também brancas. Era uma família de devotos.

Quantas promessas minha mãe fazia, preocupada comigo, pois ela via que não tinha mais tanto gosto de ir prá lá e pra cá (preocupada porque era costume casar cedo e eu já estava passando da idade) ...

A Kity já estava casada pela terceira vez, com dois filhos de sete, oito anos...

Eu e o Vicente vínhamos de um mês atribulado, desde que em julho, cinco meses depois que nos conhecemos, resolvemos casar...

Nossa cumplicidade era incrível, como se existisse desde sempre. E como nos divertíamos juntos!

Então fizemos uma brigaçada na cidade porque ele roubava meus padrinhos de casamento . No final, todos os nossos amigos foram padrinhos e madrinhas!

Freqüentamos um curso para noivos na Igreja Auxiliadora. Antes das aulas, eu e o Vicente tomávamos um licorzinho para falar com o padre Máximo.

Como judia pensava que no Velho Testamento a mulher tinha que seguir o marido, então eu estava certa de entrar na Igreja ao invés da Sinagoga.

Não queria pensar muito... eu tinha certeza que como timoneira, eu era valente e corajosa. Comigo a estrela iria brilhar!


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