Ainda no final do verão a Natalie e eu aceitamos o convite do Justino e a minha querida amiga Marilda para passar uma semana no mar da Itália.

Sairíamos de Nápoles e, parando no Mar Azul, Capri, Ana Capri e por aí... até a Sardenha.

No segundo dia, chegamos em Capri e passamos o dia naquela paradisíaca ilha. O convidado riquíssimo da Kodak, que era para ser apresentado para mim, não dei bola.

Aos poucos o grupo mais velho se dividiu dos mais jovens. Os mais velhos bebiam e ficavam no convés e nós, em cima da escotilha, fumávamos e tomávamos sol.

Só tinha o Ronny nos meus pensamentos.

Logo pela tarde, atracamos perto das grutas do Mar Azul. Eu estava dentro de um filme tecnicolor. Nadamos, entramos nas grutas, tudo dentro daquelas cores indescritíveis do lugar. O céu e o mar juntavam-se na mesma cor.

Numa das tardes, o céu fechou. Nosso objetivo era chegar em Ana Capri. No meio do mar, começou uma grande tempestade.


Isso foi uma brincadeira muito gostosa, até que resolvemos descer para ver como estavam os mais velhos. E eles, depois de muitas caixas de vinho, estavam cor pastel acinzentado, sentados e agarrados nas colunas da sala.

Ficamos penalizados pelo horror que eles estavam passando, e os convidamos para subir conosco para desfrutar a aventura da tempestade junto ao timoneiro.

Eles não aceitaram.

A tempestade passou, e no outro dia pela manhã sentamos todos na proa para o café, sendo que eles estavam arrasados, parecendo terem sobrado apenas pedaços deles.

Para alegrar o cafe da manhã resolvi contar histórias. Lembrei-me da Sosô, e disse para Marilda: 

- Marilda, tem uma amiga que estava em Paris que te mandou lembranças. Disse que vocês tinham um amigo em comum.

Marilda, curiosa, perguntou quem era ela. Lentamente comecei a falar: a Sosô tá se recuperando de um namoro longo que ela teve no Rio de Janeiro com um homem bem mais velho. Sabe... daqueles crápulas mesmo, casado, só enrolou ela. Um tal de Paulo de Vattenzi.

Coitada.... sofreu como um cão por causa desse sem-vergonha.

Após o café subimos novamente para tomarmos nosso sol. Dali a pouco, levanta a escotilha e Marilda, com sua cabeça espichada, me olha e diz: 

- O Paulo que tu falastes é aquele que está ali embaixo, que tu mencionastes o nome e sobrenome, na frente dele e sua mulher.

Pensei rápido: - Seja o que Deus quiser.... Acho que fui mensageira, para ele entender como ele era.
Dali para frente a tripulação não se entendeu mais. 

Nos batíamos entre os quartos e não sabíamos se dávamos bom dia, boa tarde ou boa noite, e claro que voltamos todos antes do tempo.

O amigo de Justino, da Kodak, estava visivelmente interessado em mim. Mas eu só queria saber de Londres. Das bandas mais famosas que diziam: - Let it be...

O meu ideal de vida naquele momento era viver um romance na Ilê Saint Louis.

Marilda convidou um amigo do Justino, presidente da Kodak na Itália, e mais um casal de amigos brasileiros bem mais velhos. Paulo e a mulher faziam parte do Top Set brasileiro.

Nosso vôo de Paris a Roma foi terrível para alguns, pois parecia que estávamos numa rua esburacada do começo ao fim. Para Natalie e eu foi uma farra. Talvez não tenha dito que ela não fumava cigarros, só charutos. Quando ia na Suiça trazia caixas do que mais gostava: Davidoff.

Com licor Vervaine e um charuto na mão, cada vez que o avião tinha uma queda, nós ríamos como se tivéssemos numa gangorra.

Nossos vizinhos estavam azulados com uma cara feia mesmo. Eu, não entendia como não ficavam alegres como nós, afinal, era só entrar na nossa energia.

Com os anos, vi que não era bem assim. A responsabilidade começa a pesar com o tempo.

Já na descida do avião, deparei-me com um fã italiano: Zozi, o que para mim foi uma surpresa, ou uma grande coincidência. Marilda nos esperava, bem feliz com um amigo mais jovem, paulista, que vinha de Londres para fazer o pequeno cruzeiro. Chamava-se Oliver.

Dormimos em Roma, no apartamento da Marilda. Belíssimo! Com vista para toda Roma.


Acordamos e fomos para o porto de Nápoles. Sentamos no meio de bandeirinhas coloridas, onde tocavam dois músicos, as músicas conhecidas do lugar: tarantela.
Quando subimos no barco, cansados, já tinha uma linda mesa feita pelos marinheiros cheia de maravilhas do mar. Tomamos uma taça de champagne, para regar aquelas especiarias.

Aos poucos foram chegando os convidados, e o grande barco a motor de 64 pés atracou no porto vindo da marina. Almoçamos ali num clima alegre, e embarcamos.

Lembram-se que a minha amiga Solange Moacir tinha mandado um abraço para Marilda dizendo que tinham um amigo em comum?

Nós três sentamos junto com o timoneiro e nos deliciávamos cada vez que o barco conseguia se safar de uma onda gigante. Sentíamos as rajadas de água subindo, e nos tapando após a queda.

Querem saber?




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3 comentários:

    Anônimo disse...

    Mãe,
    Quase morri de rir, adorei, bem tu mesmo....

  1. ... on 8 de março de 2010 às 13:56  
  2. Anônimo disse...

    parabens martinha

  3. ... on 10 de março de 2010 às 20:31  
  4. clarice ge disse...

    só tu mesmo e mais algumas pessoas ingênuas, tipo eu, rsss.
    quanta aventura Martinha, linda vivência! te admiro!!!
    bjs

  5. ... on 28 de janeiro de 2011 às 16:19