QUASE ESQUECI!!!

Eu tinha um convite da minha grande amiga para morar na Cidade Luz com seu irmão.Após me despedir dos meus pais e amigos, só queria chegar em Paris.Impossível pensar carregar a bagagem insustentável que deixava para tràs.Só sei que este é um momento e aquele será outro.Durante o vôo – por uma companhia aérea argentina – nada pensei, pois adormeci. Nem sonhei. Os sonhos estavam esperando para quando eu acordasse.Sou despertada com um aviso no microfone: “Buenos dias. Atravessamos el Atlântico y estamos sobrevolando la ciudad de Santiago de Compostela”.Olho pela janela da aeronave e vejo aquela cidadezinha feita toda de terracota.O primeiro pensamento a aflorar no novo continente é uma espécie de reinauguração de mim mesma. “Meu Deus! Consegui. Atravessei e cá estou. ”Olho para baixo e é como se estivesse prestes a aterrissar no planeta pela primeira vez. O meu vôo era direto à Paris. A chegada estava tão próxima que minhas emoções tornaram-se um turbilhão de sentimentos.Naquele momento não havia medo (como sempre tive). Porém, todas as pessoas ligadas a mim não contavam com um poderoso inimigo, meu melhor aliado.A minha incorrigível irreverência a desmoralizar tais medos e capaz de atender por um nome mais forte, o de coragem (coração ágil).

Agora estou sobre Paris. Olhando de cima, parece que nunca deixei esta cidade.Orly. Que maravilha de aeroporto! Aquele enorme terminal de aeronaves parecia não ter fim. Tomado de luzes, butiques, imenso. Foi tão emocionante entrar naquela área contruída para o conforto dos passageiros e suas esperas, que acabei por sentar-me numa poltrona, tão entregue, a ponto de esquecer completamente que minha amiga Zenia me esperava.Ali fiquei não sei por quanto tempo. Meus olhos estavam tão felizes e meu coração, boquiaberto.Sete anos de Aliança Francesa foram o bastante para descobrir uma cidade dividida em séculos. Meu conhecimento daquele mundo passava por Maria Antonieta (século XVIII) e pelo homem que foi o meu primeiro grande amor: Napoleão Bonaparte. Ia até Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, existencialistas e marxistas que marcaram o século em que vivi mais plenamente.Não sei quanto tempo fiquei escarrapachada, esquecida de outros mundos, e, como estava ainda na ala internacional, fui acordada do novo sonho por um casal de policiais. Perguntaram-me se eu me chamava Marta Schönfeld.
Quase que respondi, não sei!


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1 comentários:

    clarice ge disse...

    Ah Martinha! Não demora para colocar a continuação. Estou adorando e curiosíssima que sigas desvendando tuas emoções.
    beijo no coração

  1. ... on 25 de agosto de 2009 às 16:38