No caminho para o hotel, ainda embriagada pelo sono, pela cansativa viagem durante a qual mergulhei em tantas lembranças, inquietações, esperanças.

 Olho detidamente para aquelas pequenas casas rente à calçada, construções modestas, caiadas, com uma barra marrom para que a terra vermelha não manche a pintura. Terra feérica, de espíritos nacionalistas, lugar em que se misturaram índios e espanhóis numa tremenda batalha contra as injustiças sociais – o trabalhismo, de Getúlio e de Jango como seu discípulo.

Voluntariosa, sim, carregando junto comigo e sendo carregada pela intensa vontade de obter sucesso pessoal em todas as minhas empreitadas.

Esse novo dia que não chega!

Mas vou esperá-lo, tranquila, como durante as minhas meditações. Sem pensar.

Enquanto isso, povoa-me o que já sei e tantos outros junto comigo, sabem também: que se trata do município mais antigo do estado. Sua fundação deu-se em 1682. A civilização mais velha do RS, sendo povoado ininterruptamente desde a fundação jesuíta e sendo o primeiro dos Sete Povos das Missões. Banha-o o rio Uruguai, fronteira natural com Santo Tomé, localizado na província de Corrientes, Argentina.

A lei estadual 13.041/2009 declarou oficialmente São Borja legitimamente como a Terra dos Presidentes, conhecida desta forma por ser berço de dois filhos ilustres presidentes do Brasil: Getúlio Vargas e João Goulart, o Jango. (Antigamente a cidade foi conhecida também como a Capital do Linho, devido ao forte cultivo da planta no município nas décadas do início do século XX).

Mas tudo isso é História com H maiúscula. O que fica, o que de fato fica mergulhado em mim, é outra história, complementar, fruto talvez dessa incansável caminhada dos séculos: a MINHA história. História que ainda, nesse instante, está sendo construída. Vou andando, lado a lado comigo mesmo, com meu passado, com meu presente, agarrada nele para atingir o meu futuro.


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