Maaaarta... Maaaarta...

Maaaarta... Maaaarta...
Estás ficando solteirona!!!
Nesta época o costume era casar com 21 anos, por aí, eu, com esta idade, buscava só me divertir.
Uma coisa que nunca cogitei em minha vida foi viver em dissonância com o meu sentir.
Os "ups and downs" da vida me levaram a buscar internamente respostas, fui me tornando introspectiva, levemente, sem muito alarde".

Quando o que estava fora não era bom eu, inside, tinha muita riqueza para buscar, como todo o mundo.
Aprendi a mergulhar em mim mesma na busca da consciência de minha força interior!
Enquanto isso, eu ficava flutuando – meus próximos passos, ainda não traçados... Como sempre deixava acontecer.

Tudo meio confuso.

Todas as facetas que a vida estava me apresentando me levavam a um único lugar: a mim.
Mesmo com a idade que eu estava, na casa dos meus pais tudo era moleza.

Benditos anos sessenta, que única preocupação que tinhamos era passar de ano, assim mesmo fiz o classico em 5 anos.

 Fora o fardo da adolescência que nos trazia uma série busca de identidades.

Quem sou eu???
Mas ali, não podia parar...


Já tinha morado sozinha e foi o que me deu de andar pra cima e pra baixo pelo Brasil.

Para completar, um amigo tinha um aviãozinho.
Dirceu Sperotto, tão alegre quanto eu, me dava carona aérea, eu ia pra Imbituba e ele pra Torres ver a família.
Rotas entre Punta del Este e Santa Catarina com tres dos meus amigos Dirceu, Alcides Sanvicente e...

Mesmo voando muito,aprendi a andar com minhas próprias pernas.
(Já estava difícil encontrar a minha menina, era um jogo de esconde-esconde, mas eu precisava acreditar que ela “estava lá”...)
Não me considero tão espiritualizada, ou tão bruxa, ou tão aquilo ... não sou nada “tão”...
Mas num mundo “tão” disputado materialmente, com tanta busca pelo poder, com tantos trambiques e covardia, ficava bastante atrapalhada. Por isto sempre precisei me recolher de tempos em tempos com meus deuses para aprender a lidar com vilões.

 
Buscava, então, refúgio nos meus mergulhos internos que iam diretamente ao mel, pois  as minhas experiências até ali eram o antídoto das maldades e caricaturas do cotidiano.
Apesar de voluntariosa não me atrevia em comandar o destino. Deixava ele me levar, a mim e os meus tarozinhos, minha eterna magia, meus sonhos e, quem sabe, realizar alguns deles.

A verdade é que muitas vezes não era com os pés no chão.
Ah! Me acompanhavam também numa sacola, o meu toca-discos, com vinis dos Beatles e do Leonard Cohen. Também gostava do Cat Stevens, que tocava “Father and Son” e “Wild Word”.


Estava acompanhada da Negra, que era uma “mala sem alça” mas não deixava de ser uma companhia. Pretendiam ir ao Mato Grosso,
 Rio de Janeiro, não sei, todos os lugares. 

Falei prá Neusinha que eu ia com a Fafá para Belém do Pará no Carnaval, que em começo de carreira já iria receber as chaves de sua cidade-natal. Combinamos que nos encontraríamos no Rio de Janeiro depois de nossos “giros” pelas estradas do Brasil! 
 
(Nestes últimos 3 anos eu, a Anete Agostinele, a Fafá de Belém e a carioca Lucinha Camargo ficamos muito amigas. Aliás, ficamos amigas de todo o bairro de Ipanema, da rua Nascimento Silva, onde morava a Fafá e muitos atores que agora são sessentões (Marco Nanini, Ney Latorraca e outros).
 


Uma ocasião, no sítio da Nereida Daudt,(minha amiga do peito) que era casada com o Zé Vicente Brizola (o pai Leonel Brizola ainda estava no exílio), conheci a Neusinha Brizola (Baía) que chegara do Uruguai também querendo se divertir e andar pelo Brasil.

Costumávamos participar de reuniões com Milton Nascimento, Caetano Veloso, acho que sempre me senti atraída por leoninos. 
Uma noite, na festa de aniversário do Milton, eu e o Caetano nos encontramos na cozinha.

Conversamos bastante, eu vestida de príncipe e ele de ... não lembro...

O que me valeu uma admiração secreta para todo o sempre.

Prá mim foi a glória!

Época de Dancing Days, das Frenéticas e Secos e Molhados.
Estes conjuntos foram a euforia e alegria no Brasil dos anos /70

A Neusinha queria me reaproximar do João Otávio(Biloca) seu irmão, que eu conhecera em Búzios em 1976, junto com a Anete. O local, um café de uma amiga mineira, à época casada com o Armando (ex-marido da Luiza Brunet).
E eu fui!

Como sempre, deixei a energia da vida me levar em mais uma das minhas aventuras...

Com o Biloca, estudante de Arquitetura, durante o dia andava num ônibus velho, caindo aos pedaços. Nas vilas, ele me mostrava como eram feitas, as casas dos nativos, os pescadores.
Num desses passeios, escutei no rádio que o ex-presidente João Goulart havia morrido no exílio.

Perguntei se escutara a notícia, ele disse que não.
- Pois escutei que o Jango morreu!
Biloca ficou branco como um cadáver, desceu do ônibus e fiquei sem vê-lo durante alguns anos.
Pois era esse Biloca que a Neusinha queria que eu namorasse.
Março, depois de girar pelo Brasil afora, voltando de Belém do Pará e pousando no Rio de Janeiro, direto na casa da Zênia Marques.
Depois de um dia de descanso resolvi ligar prá Neusinha. Quem atendeu o telefone foi o Vivi, Vicente Luís, primo dela, conhecido meu só de nome, pois era amigo da Nereida.
- Vem prá cá, a Baia não está, mas eu estou, vem prá cá, estou chegando da Inglaterra ...
Pelo jeito, a casa da prima mais velha, a Maria,(na verdade, da minha idade,) era um reduto dos jovens exilados da família Goulart Brizola, porque ali também morava o Biloca,irmão da Neuzinha.


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1 comentários:

    Anônimo disse...

    Muito legal mãe, moving on na tua história. Ta seduzindo o leitor... Te amo mãe

  1. ... on 13 de maio de 2010 às 19:58