A vida em vários momentos se tornou para mim um resgate da minha criança, da minha inocência.

Nos caminhos do autoconhecimento, muitas vezes, pensei em desistir, ir para um ashram meditar, dançar até  alguém perguntar o meu nome e eu dizer: não sei.

Osho se referia a isso como abandonar todo o conhecimento que foi dado pelos outros. Assim adquirimos uma qualidade totalmente diferente do ser, ou seja, uma crucificação da personalidade, uma ressurreição da inocência.




Era assim no começo dos anos 70, queríamos abandonar tudo o que fosse certinho da nossa educação dos anos cinquenta e, nos tornarmos crianças novamente. Como a família Bonanza, vivíamos um tempo bucólico, como na música: “... na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê”.



Nos encontrávamos no sítio da Nereida Daudt Brizola ( a loira de preto na foto) em Gravataí, que era o point. Ali deixávamos nossas idéias e pensamentos misturados com a natureza, sem ponto nem vírgula.




Lá descobri um licor que se chamava “fogo paulista”  e ele era uma festa para nós. Aos poucos esse fogo foi se tornando são borgense  e sempre foi motivo para fazermos misérias.

Às vezes nos apaixonávamos, mas decepção: nunca.

Para nós só existia  um tudo beeeeeeemm!!!

A repetição do sinal com os dedos de paz e amor com o "V" da vitória, nos tornou pessoas felizes

Sempre uma sucessão de abraços carinhosos como se estivéssemos nos despedindo: “take care of yourself”.



Buscávamos a coragem para desafiar sozinhos os nossos medos. Não havia outro caminho, precisávamos vencer.

Nesse sítio conheci Neusinha Brizola. Nossa amizade foi se solidificando, casei com seu primo Vicente e nos tornamos primas e nunca abdicamos desse parentesco. 

Dona de uma inteligência vulcânica, sempre em erupção me divertindo.



Seguido afrontava o seu pai Leonel Brizola. Ela contestava tudo o que ele fazia. Brizola apontava de um lado e ela de outro.

Foram tantos os momentos doces que passamos juntas, embora a vida não fosse tão boazinha quanto pensávamos.

A nossa loucura era suficiente para entendermos melhor a nossa sombra.Quanta coragem tivemos que ter pra nos enfrentar, e como sempre, foi maravilhoso quando nos transformávamos em natureza.



Nesta época fizemos amigos eternos.

A Kitty Kroeff (foto abaixo) minha amiga inseparável era um contraponto no meu caminho.Ela era a minha parte de boa menina. Talvez  a estrutura dela que não deixava ir...




Caminhando...caminhando...e...cantando...



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2 comentários:

    alcides disse...

    beleza marta, bons tempos no sitio da nereida, lembro do casamento com o ze vicente, fui o fotografo...como diria amiga ...q. loucura...

  1. ... on 14 de julho de 2011 às 11:13  
  2. Marta Schönfeld disse...

    Guita Braude MARTINHA QUERIDA ADOREI MAIS ESSE RELATO DA TUA VIVENCIA, UM PRAZER PARTILHAR CONTIGO CADA PALAVRA.TEMOS A SORTE DE TER MEMORIA PARA ASSIM PODER DE ALGUMA FORMA CONTAR NOSSAS EXPERIENCIAS E DESABAFAR PARA ALIVIAR O NOSSO CORACAO.ADOREI MAIS ESTA BELA HISTORIA, COMO SEMPRE UMA ALEGRIA ENORME SINTO QUE CADA DESABAFO FAZ PARTE DA TUA AUTOBIOGRAFIA E E GENIAL.BJS.

  3. ... on 9 de maio de 2013 às 16:14