Dentro do ônibus, sob o balanço que parece a noite, vejo o horizonte pontilhado de coxilhas, logo desponta a luz do amanhecer. Sinto medo. Procuro dentro de mim a consciência de vidas passadas e só encontro expatriados da Russia com a primeira guerra (pais de minha mãe,) e da Alemanha da segunda guerra, como meu pai.

Não encontro nenhum resquício em mim desta terra missioneira dos guaranis e espanhóis.

 Viro de lado e me preparo para logo, logo descer em São Borja.


Escuro ainda, com a luz tênue das cinco horas da manhã, desembarco naquela rodoviária adormecida de muitos séculos de história. Na mala não havia somente papéis. Carregava meus tarôs e meu CD-Player, onde escutava músicas new-age e indígenas, para entender melhor o lugar que tanto desejava ser acolhida. Na mala também carregava esperanças.


(Já estivera alí, em várias ocasiões, para festas da família Goulart, como a volta de Brizola, vindo, depois de vários países, já do Paraguai, seu último porto então antes de voltar do exílio no Uruguay.)
  Novamente renasço no ventre desta vez da História do Brasil, para entender a grandiosidade  de Getúlio e Jango. A terra tem todos os registros. E é ali que eu coloco os meus pés, o meu coração, para saber de onde vem a fonte para o meu futuro.


Sozinha, acordo no quarto que ocupo no Hotel Charrua.

Observo pela janela a pracinha em frente, tomada de centenas de passarinhos gorjeando no novo dia. Diante de mim, noto também uma casinha de joão-de-barro. Meu cenário nesse calmo e ao mesmo tempo inquieto amanhecer.


O sol não brilha ainda, porque estamos na fronteira oeste. Aprendo logo, às primeiras horas da manhã, que o sol nessa região só vai fica mais intenso a partir do meio dia para a tarde.

 Sob o câmbio da natureza, é como se eu gradativamente fosse sendo tomada pela raça e a coragem desse povo com o qual tinha muito o que aprender.

Ali tem mais do que a História. Tem a história da História. A força do trabalhismo!  na ocasião, invisível para o Brasil.
 Fico feliz! Chance de mudar o meu destino quem sabe!


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