Natalie Hock, a modelo Luana, minha amiga francesa, o italiano, dono das linhas telefônicas na Itália (acho que é isso), eu e a condessa Norma de Monj'eau
A primavera começava, anunciada por uma brisa que mal chegava a transformar-se em ventos suaves, a nos acariciar a pele e a mente.
Era o aviso: aí vêm mudanças.
E elas chegavam.
Tão incrível que virava inacreditável: a rigorosa pontualidade da mais doce das estações. Bem no dia em que entrava a primavera, o sol aparecia e as flores dos parques se abriam. Durante esse ciclo todo, o Zeka, a Natalie e eu continuávamos aquela vida de príncipes e princesas.
C'est la vie...C'est la vie... J'ai ne fait rien, c'est elle qui moi choisi.
A alegria começava a brotar por todos os lados.
No outono e no inverno a personalidade deles era guardada dentro de uma energia mais severa.
Comecei a notar pelas minhas viagens por lá que cada povo tem a inteligência dos limites do seu país.
Quando chegava essa época, todo mundo começava a sorrir, e a cumprimentar-se.
Começavam as festas!
Quase todas as noites, íamos, depois de alguma festinha ou vernissage, para um club privé chamado Chez Régine’s, localizado na Rue de Ponthieu, no Champs-Elysées.
Uma das atrações da casa eram as decorações inspiradas nos anos 30, Arte Noveaux. Todas idealizadas por Zeka Marquez.
Esta da primavera, eram flores de papel crepom caindo pelas paredes, todas feitas por nós. Passávamos as noites confeccionando, flowers and flowers.
O Zeka era íntimo amigo da Régine e já estava, naqueles dias, fazendo grandes festas em Paris. Assim, o clube privé passou a ser o nosso clube privado.
Este nigthclub até hoje é ponto de referência na capital francesa. Ali se encontra todo o Jet set internacional... e nós!
Essa casta de milionários é sazonal.
Uma hora eles estão em Milão, outra nalgum ponto chique da França, outra em New York... Nunca se sabe até aonde podem ir. No fundo, se sabe. Podem ir até onde quiserem. A qualquer lugar. Mas desde que se esteja com a mesma turma.
Qualquer lugar não é o lugar certo para eles, e então acabam indo praticamente nos mesmos lugares de sempre e, assim, são facilmente encontráveis.
Aos poucos fui conhecendo estas pessoas, vendo seus hábitos, sempre extravagantes, cheios de vivacidade e exuberância.
Como o verão estava perto, andávamos combinando nos encontrar em Saint-Tropez.
A cidade de Saint-Tropez, antigamente formada somente por uma vila de pescadores, é atualmente um dos pontos franceses mais badalados de veraneio, principalmente entre os jovens milionários e estrelas de Hollywood atrás de um belo bronzeado.
A transformação da cidade de vila de pescadores para ponto turístico recém tinha acontecido, nos anos 60, quando a atriz Brigitte Bardot se mudou para lá. A musa francesa trouxera junto com ela muitos fãs e admiradores de seu estilo de vida hedonista. Daquele dia em diante, Saint-Tropez nunca mais foi a mesma.
Uma hora eles estão em Milão, outra nalgum ponto chique da França, outra em New York... Nunca se sabe até aonde podem ir. No fundo, se sabe. Podem ir até onde quiserem. A qualquer lugar. Mas desde que se esteja com a mesma turma.
Qualquer lugar não é o lugar certo para eles, e então acabam indo praticamente nos mesmos lugares de sempre e, assim, são facilmente encontráveis.
Aos poucos fui conhecendo estas pessoas, vendo seus hábitos, sempre extravagantes, cheios de vivacidade e exuberância.
Como o verão estava perto, andávamos combinando nos encontrar em Saint-Tropez.
A cidade de Saint-Tropez, antigamente formada somente por uma vila de pescadores, é atualmente um dos pontos franceses mais badalados de veraneio, principalmente entre os jovens milionários e estrelas de Hollywood atrás de um belo bronzeado.
A transformação da cidade de vila de pescadores para ponto turístico recém tinha acontecido, nos anos 60, quando a atriz Brigitte Bardot se mudou para lá. A musa francesa trouxera junto com ela muitos fãs e admiradores de seu estilo de vida hedonista. Daquele dia em diante, Saint-Tropez nunca mais foi a mesma.
Pois bem, uma hora dessas iríamos até aquele paraíso. Enquanto esse dia não chegasse, continuávamos “ralando” de festa em festa.
Comecei a ficar amiga de grandes artistas, como Polanski, que era íntimo da Natalie.
Charles Bronson, que sempre passava em Paris para combinar com a turma de se encontrar em Saint-Tropez. George Hamilton, que morria de rir comigo, pois, como ele era espanhol, e a nossa turma basicamente francesa-italiana, eu acabava falando em esperanto: um pouco de inglês, um pouco de francês, um pouco de italiano, de espanhol...
Como é que eles iam me entender, se eram tantas pessoas de tantas raças? Só falando algumas palavras de cada idioma.
Enfim, estava aprendendo a me divertir no Grand Monde.
Uma noite, encontrava-me com alguns amigos, todos naturalmente conhecidos pela nobre casta (cujos brasões giravam entre as nobrezas, o poder e os guarda-costas), quando vi ninguém mais, ninguém menos que Aristóteles Onassis, o multimilionário armador grego. Estava sentado numa mesa mais abaixo de onde ficara nosso grupo, junto à pista de dança. Ele, provavelmente como de hábito, vinha acompanhado por um séquito.
Aquele homem me encantou com seus óculos pretos de grossas asas lustrosas e com um charme que lhe fazia parecer ter um metro e noventa, um corpo atlético e olhos azuis.
Mas não era tudo isso. Pelo contrário! Tratava-se de um homem pequeno, e nada bonito.
Num certo momento, uma moça elegantérrima, vestida de Chanel, com quase o dobro da altura dele, saiu das pistas e aboletou-se no colo do homem. Confesso que embora nunca tenha sido moralista, a imagem me chocou, principalmente porque destoava demais a juventude e a beleza dela com a modéstia física de Onassis.
Eu pensei... Credo, o que as mulheres não são capazes de fazer e de se expor só por causa de um milionário. Como era um tanto gordinha, e estava voltada direto para ele, demorei a conseguir ver seu rosto. Logo a vi com nitidez, e percebi o grande engano que eu cometera. Era Christina, sua única filha, que herdaria a fortuna de U$ 30 bilhões do pai.
O meu despertar realmente para a vida e para os novos amores começava ali, naquela primavera, entre champanhes e flores. Depois de quase um ano de Europa.
Comecei a conhecer rapazes desse meio, mas ainda não sei, vou esperar mais um pouco e ver o que que acontece - eu me dizia, tratando de me acalmar.
Por enquanto já tenho bastante amigos e festas garantidas para Saint-Tropez. Neste ponto me resguardava muito, pois qualquer deslize, a menininha vinha, puxava a minha saia e dizia: Este não, este não, este não!
Chata! Assim eu vou ficar solteirona!
Mas, também, pela minha pouca idade, achava que eu tinha muito tempo para esperar. Por enquanto ia dançando...
C'est la vie, c'est la vie...
C´est pas l´enfer, c´est pas le paradis...
3 comentários:
Paulo Bentancur disse...
Martinha,
impossível não te reler, mesmo depois de te ler. És o Proust dos anos do desbunde, dos anos de chumbo. És a palavra feito afago e música e a coragem de uma franqueza desconcertante. Ninguém te leva para comadre! E teu rio de palavras nos leva, nos carrega, tanto no Sena quanto no Uruguai. Que blog mais rico em um afeto que jamais se encerra!
Parabéns e obrigado.
Anônimo disse...
Meu amigo e professor,claro que és meu maior fã,conseguiste entender minha caótica maneira de contar minhas histórias e com teus elogios fui criando coragem de desenvolver do meu jeito minhas lembranças.
Obrigada à ti
Cláudia disse...
Parabéns à voce nesta data querida amiga !!!!
Um mar ..um ar ..e uma luz do Rosa....um roseiral pra Você !!!!