Nossas vidas são nossas mesmo?
Me olhou com aqueles olhos negros, pegou na minha mão e com aquele olhar triste e ao mesmo tempo brincalhão perguntou:- Queres casar comigo?
Eu disse: -Estás louco? Temos idades diferentes!
Ele falou seriamente: -Eu sou louco e tu não és?
Quando eu disse que também era louca, eu disse sim.
Acho que vi a estrelinha brilhar...
“Numa batida de olho a gente sabe quem vai ser o homem da nossa vida.”
Vicente pegou na minha mão, chamou sua prima e fomos para casa ligar prá sua mãe avisando que íamos casar!
O telefonema, obviamente, era emoldurado pelo “sorriso amarelo” dos primos que deveriam estar pensando: Conheceu a Marta há duas horas e já está casando????
Isso não vai se criar!
Acho que a notícia não foi bem recebida.
Mas, deixa pra lá, também não sabia se estava certo ou não...
É como disse, o destino estava conspirando ao nosso favor!
No outro dia , ao caminhar pela Avenida Atlântica, me encontro com Danton (marido da Zênia onde eu estava hospedada) que me pede a chave de casa. Ao pegá-la, vejo o passaporte do Vicente, que era o único documento que jamais perdia.
Na mesma hora fui para um telefone público e liguei:
- Olha, Neusinha, estou com o passaporte do Vicente...
(Todo mundo o chamava de Vivi, mas eu achei o nome dele tão lindo que nunca pronunciei o apelido.)
Ela disse:
- Vem pra cá! Vamos sair e ver um show dos Secos e Molhados.
Lá me fui bem feliz, alguma coisa mexia dentro do meu coração.
Era a menininha novamente pegando o rumo de uma nova aventura.
Cheguei em casa, tomei um banho, sentei na cama e quando vi ela estava ao meu lado. Piscou o olho e disse:
- Caminha, caminha, nem pensa, porque não vais ter muito tempo para pensar.
Esse novo destino foi traçado pelas Moiras (elas novamente) e também pelos astros.
- Você está no período de 28 em 28 anos chamado de retorno de Saturno, pois como ele é muito distante, leva este tempo para dar a volta na Terra.
Este período é que abre um novo caminho, um novo destino.
- Não devo ter medo do meu novo destino?
- Eu já disse, você não vai ter muito tempo para pensar! Vai valer a sua entrega!
Ela desapareceu e quando saí novamente à rua, ouvi a brisa do mar sussurrar:
- Agora sim você está deixando os novos ventos chegarem! No fundo, você já estava cansada da vida que estava levando...
Você não queria casar?
Na Grécia Antiga acreditava-se que o destino pertencia a Cloto, Láquesis e Átropos, as Moiras, três irmãs responsáveis por determinar o destino de todos.
Cloto tecia o fio da vida, o nascimento era obra dela; Láquesis puxava e enrolava o fio, as atribuições do decorrer da vivência eram sorteadas por ela; e por último Átropos cortava o fio ...
Cloto, em grego, quer dizer "fiar", segura o fuso e puxa o fio da vida. Láquesis ("sortear") enrola o fio e sorteia o nome dos que vão morrer. Átropos ("não voltar", ser inflexível) corta o fio.
As Moiras eram a personificação do destino. Seu equivalente romano eram as Parcas ou Fadas e seu equivalente germânico as Nornas.
Na Ilíada, do poeta cego Homero, trata-se de uma entidade que representa uma lei a pairar soberana sobre deuses e homens, pois nem mesmo Zeus está autorizado a transgredi-la sem interferir na harmonia cósmica. Na Odisséia , o outro livro de Homero, aparecem as fiandeiras.
As Moiras teciam o meu destino numa trama que me levaria, com garantias – apesar dos riscos da aventura – até... meu destino.
Esta é a roda da fortuna que quando gira, abre caminho para grandes mudanças ...
Cada acontecimento em que eu tomava atitudes fortes era motivo para olhar a possibilidade de novos desafios.
Antes, no entanto, mergulhava interiormente para encontrar a minha amiguinha novamente, ela que sempre foi um bálsamo para o meu momento, me guia para o mundo da pureza infantil e sempre me atende.
Sabe como é, ... Verificar se está tudo sob controle e aí, sim, dar o próximo passo já portando na bagagem o crescimento adquirido.
Junto com a coragem existe também a covardia, um certo receio,o que me valeu alguma sensatez pois nunca fui kamikaze. Preciso estar confortável e em segurança.
Das amigas, a Kitty sempre foi meu porto seguro, nos amadrinhamos tanto entre nós e os filhos, que acabou que eu a chamo de Dinda. Somos amigas para sempre!
Então não adiantaria nunca ir contra o meu destino.
Enquanto isso, eu ficava flutuando – meus próximos passos, ainda não traçados.
Tudo meio confuso!
A vida estava me dando uma nova oportunidade.
O Vicente e eu fomos para a esquina do apartamento de sua prima Maria Goulart, no restaurante Lucas, conversamos, conversamos, conversamos até quando ele me pediu em casamento...
2 comentários:
Marta Schönfeld disse...
Teu blog DE PARIS A SÃO BORJA já é surpreendente pelo título, da Grande Cidade para a Pequena. No entanto, nada do que dizes é pequeno. Ao contrário, tu flagras a grandeza dos acontecimentos. É viagem pra cá e pra lá. Trem, metrô, barco, quilômteos a pé, e lugares milenares como castelos nobres ou paradisíacos e primitivos como ilhas enfeitadas mais pela natureza do que pela construção humana. Grande espetáculo. Admirável e emocionante.
Sandra da Luz Seixas (Criciúma, SC)
Anônimo disse...
Tou adorando ler teus escritos, Martinha...
Conta mais... conta mais... deliciosas memórias... ;-))
bju bju
Ida Dubin