Cansada de cuidar de mim, resolvi dar uma pausa na história passada e mergulhar no mundo da Sacerdotisa: precisava consultá-la.

Saí numa caminhada zen, onde tentava dar cada passo com a maior consciência possível.

 Com os pés totalmente integrados ao solo resolvi se rumo encontrar  o Bosque Encantado.

Quando adentrei neste lugar magico, vi que estava querendo amanhecer, o sol entre as árvores tentava espantar a bruma da noite.

Meus pés, sobre gravetos e espinhos, andavam como se eu estivesse flanando.

Leve... Leve...

Apreciando o renascer, aos poucos, fui encontrando meus amiguinhos.

A primeira que encontrei foi Dona Borboleta, orgulhosa de sua beleza, com a cor branca nacarada misturada ao azul celeste, algo realmente grandioso.

Começou a me rondar.

– Quer ser minha amiga? perguntou.

Olhei-a nos olhos e ela entendeu: há muitas vidas éramos cúmplices.

Pegou-me pela mão, conduzindo-me para um canto da floresta que cheirava a mel fresco.

Ali, o mundo ainda não tinha acordado.

Ela queria que eu visse suas filhas, recém-nascidas.

Chegamos... 

Elas dormiam num galho seco, parecendo as suas folhas. Não fosse pela mãe, eu teria passado pelo lugar sem perceber que eram borboletas.

Começaram a despertar, espreguiçando-se, como numa dança.

Abriram as asas e voaram...

Eram amarelas da cor da mãe!


Primeiro, brincaram entre elas. Depois, em duplas ou trios, saíram curiosas para conhecer a floresta.

Entendi que a Sacerdotisa já estava dando sinais para o meu aprendizado.

Ela estava me ensinando os "passos da visão", querendo dizer que não se cria a realidade, e sim, enxerga-se através dela. Uma participação consciente de tudo que está a nossa volta, como esta flor, cuja foto fiz no meu jardim.



Tenho certeza de que, olhando para ela, você pode enxergar mil coisas. Como, por exemplo, anjos hermafroditos que levam o pêndulo como coroa, mostrando o quão viril ele é na cabeça e o quão sensual ele é no corpo. Assim como a flor que carrega o pólen para zangões e abelhas.

Eu não poderia mais parar, não tinha mais tempo, uma vez que logo-logo iria amanhecer.

Precisava encontrar a morada da senhora de todas as verdades e na volta não queria pegar a noite, ou ser pega pela noite...

Passei por cachoeiras, lindos lagos e, de repente, vi uma clareira com uma espécie de capela de pedras cinzas, um tanto tomadas de musgo, bastante coberta pela bruma.

Meu coração começou a bater mais forte, os passos desaceleraram.

Sabia que estava sendo observada por todas as fadas e gnomos da floresta, curiosos, pois não sabiam de que flor eu tomara aquele néctar para ter conseguido chegar até ali.

Quando vi, estava à frente de uma pesada porta de madeira, entreaberta.

O temor que sentia, dissipou-se quando senti o cheirinho de eucalipto misturado à fragrância de outras folhas da floresta.

Mato, purificação. Era como um bálsamo que se espalhava no ambiente.

Entrei.

Ao fundo havia um vitral, pelo qual passava uma luz difusa, com pequenos raios de luz.

Olhei em volta e vi que não havia santos na capelinha.

O ambiente era austero, com tapeçarias medievais lindíssimas.

Uma paz imensa recendia de toda aquela atmosfera e então, tudo que eu queria perguntar, esqueci.

Outra lição que a Senhora das Brumas estava querendo dar (ou alertar), era para não querer saber o futuro! Por exemplo, uma vidente que diz: - "você irá casar com um príncipe das Arábias". Aí, nunca mais você sai de casa, só esperando por ele. Pode acabar solteirona!

Saber o futuro pode atrapalhar o presente. Mas, saber o presente, ah, isto sim, pode arrumar o futuro.

Novamente, olhei para o fundo e uma grande figura branca apareceu, cercada de cristais e outras riquezas da natureza: era a Sacerdotisa!


Olhou-me profundamente e disse:

– Você é um centauro, uma sagitariana. Seu planeta é Júpiter, da expansão, milagres podem acontecer no seu caminho. Mas, atenção: muitas vezes, quando dificuldades aparecem elas vem na mesma proporção. Está quase na hora de você conhecer Júpiter, no entanto, não vá sem a sua '"Amiguinha", ela é seu ascendente, precisa também viver esta experiência.

A Sacerdotisa abriu um pequeno baú de cedro, tirando dali um presente que colocou nas minhas mãos.

Era uma chave.

Disse-me:

– Através dela, você receberá a senha para entrar neste planeta.

Voltei sabendo que a sessão estava terminada.

Saindo pela mesma pesada porta de madeira, que continuava entreaberta, acordei.

Não consegui lembrar de nada. Mas, na minha mão havia uma chave.

Olhei em volta e vi que estava na casa de Luana, com um caleidoscópio de oportunidades...


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4 comentários:

    Anônimo disse...

    Marta! Que bonita história. Saímos da fantasia do real, real que tornaste fantástico, em Paris, e adentramos no territórico mágico da tua imaginação e da tua realidade mais íntima e espiritual. Belíssimo, encantador esse post.

    Parabéns.


    Maria Cecília Valadares (Rio de Janeiro, RJ)

  1. ... on 7 de fevereiro de 2010 às 15:34  
  2. Anônimo disse...

    Amiga blogueira,

    que viagem espantosa! Através de regiões mágicas, encantatórias, e principalmente reveladoras da essência e do sentido da vida. Da tua vida e da vida de todos nós. Uma bela exposição essa tua mais recente postagem. Grande abraço.


    Júlio Mário Marcondes - Santa Maria, RS.

  3. ... on 7 de fevereiro de 2010 às 16:19  
  4. Anônimo disse...

    Queridos amigos!
    Na verdade, está um calor enorme em POA, a minha inspiração não estava me deixando ir para o inverno de Paris. Quando me dei conta, eu estava no mato no fresquinho. Foi uma forma de me dar férias.
    Grande abraço

  5. ... on 7 de fevereiro de 2010 às 17:56  
  6. Anônimo disse...

    Ah, Marta, que mereces férias, deves tar merecendo, mas não nos abandona com teus textos que fazem a gente esquecer qualquer temperatura desagradável. Volta logo!


    Júlio César Magalhães, um gaúcho em Brasília, DF.

  7. ... on 11 de fevereiro de 2010 às 07:48